Em uma sociedade intensamente focada no progresso material como a atual, torna-se imprescindível equilibrar esta tendência voltando-se também para o nosso mundo interior, aprendendo a reconhecer o seu devido valor e assimilando seu significado. Pois, ironicamente, esse apego excessivo ao mundo material está agora colocando em risco a própria matéria terrestre, responsável, em última instância, por nossa sobrevivência coletiva. Portanto, o maior desafio de nossa época é não permitir que a crescente satisfação dos desejos comprometa nossas aspirações mais profundas de natureza interior. Para que isso possa ocorrer, é preciso que todos os preciosos conhecimentos científicos adquiridos sejam permeados pelo autoconhecimento, pois é este que dá àqueles uma direção segura e sábia, atendendo aos verdadeiros interesses da humanidade. Aprendendo a nos interiorizar corretamente, perceberemos que somos muito mais do que imaginamos ser. Harmonizando nossos estados internos com as circunstâncias externas, tornamo-nos pessoas mais transparentes e íntegras, trazendo à tona virtudes e potenciais criativos insuspeitados. O essencial, no final das contas, é que assumamos um compromisso sagrado conosco e coloquemos o autoconhecimento como prioridade máxima, como um sol em volta do qual todo o restante deve girar e se adequar. Somente por meio dele nossa vida terá a plenitude buscada.
Segundo Alvaro Piano, os ensinamentos desta obra são um convite para que nos empenhemos em permitir que a dimensão da consciência passe a ser nosso eixo central, presente em todas as nossas atividades. É importante que façamos uma comparação entre a mesma tarefa feita do modo semiconsciente habitual e quando a fazemos a partir da lembrança de si, quando estamos presentes em nossos pensamentos, emoções e atos. Assim, gradualmente, vamos percebendo que a ação consciente possui um outro “sabor”, mais rico, intenso, gratificante e mais propenso a ser rememorado em todos os seus detalhes, tornando-se parte ativa em nossa história de vida. Passamos a fazer tudo com maior aceitação, boa vontade, eficiência e prazer. A diferença é abissal entre, por exemplo, comer, respirar, ter sensações corporais, fazer tarefas domésticas, conversar, divertir-se ou realizar atividades criativas de modo “adormecido” ou “desperto”. No mesmo sentido, todas as práticas espirituais ficam igualmente mais profundas: orar, meditar, fazer afirmações e visualizações, yoga, tai chi chuan e assim por diante. Todas as áreas da vida, interior e exterior, podem ser positivamente afetadas.